As burlas online aumentaram 43% nos primeiros quatro meses de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, indicam os resultados de um inquérito intitulado “A Literacia Digital dos Consumidores em 2023” e realizado pelo Portal da Queixa by Consumers Trust.
Divulgados pela agência de comunicação COMUNICAR-se, os dados, obtidos através de um inquérito online, indicam que, entre os dias 1 de Janeiro e 25 de abril deste ano, o valor médio das burlas aumentou para 515 euros e a estimativa global de perdas é de mais de dois milhões de euros. No período indicado, o Portal da Queixa recebeu 4.287 reclamações relacionadas com burlas online. No período homólogo de 2022, a plataforma recebeu 2.995 queixas.
O estudo indica que mais de metade dos inquiridos já foi alvo de uma tentativa de burla através da Internet (51%). Os burlões actuam, sobretudo, através do envio de e-mails fraudulentos (23%) e da criação de lojas online falsas (31%). O principal logro relatado pelos inquiridos ocorre com o pagamento de encomendas que nunca foram entregues (28,5%). O valor monetário perdido em 81,9% dos casos foi até um máximo de 500 euros. Mas há inquiridos que referem perdas superiores: 7,9% entre 500 e 1.000 euros; 2,3% entre 5.000 e 50.000 euros e 0,9% entre 50.000 e 100.000 euros. A maior parte das burlas não tem um final feliz. É que o inquérito apurou que 44,6% das pessoas não conseguiu recuperar o valor perdido, tendo, ainda assim, 37,7% conseguido recuperar o valor total.
O inquérito “A Literacia Digital dos Consumidores em 2023” foi realizado através de um questionário online efetuado entre os dias 18 e 25 de abril e abrangeu um universo de 2.074 inquiridos, 55,6% de homens e 43,2% de mulheres. As pessoas que mais responderam têm mais de 65 anos (33%), entre 35-44 anos (26%) e entre 45-55 anos (24%).
Os inquiridos disseram saber de burlas via SMS e através de e-mails fraudulentos. Muitos já ouviram falar de phishing (86,9%) e de roubo de contas de WhatsApp (48,7%), mas a maioria não sabe o que é o pharming e o vishing.
Em 2022, o Portal da Queixa registou um total de 10.500 reclamações relacionadas com burlas online.

Para prevenir burlas, a Direcção-Geral do Consumidor divulga um conjunto de informações e conselhos em que é prudente atentar:
Phishing é o método utilizado para roubar a identidade de um cibernauta. As técnicas de phishing podem utilizar malware ou spam e podem ser de diferentes tipos:
- Pharming (ou Warkitting): utiliza malware para efectuar phishing, redireccionando os utilizadores de um site autêntico para um site fraudulento, que é uma réplica do original em aparência. Quando um utilizador se liga ao site pretendido há um malware que o redirecciona para um site espelho a partir do qual se inicia a recolha de dados identitários para futuras fraudes. Warkitting refere-se ao acesso que é efectuado aproveitando os sistemas wireless que as famílias têm em casa: os interessados entrando sem autorização nos sistemas móveis dos clientes de internet WiFi subvertem o seu acesso à internet.
- SMiShing: os utilizadores de telemóveis recebem uma mensagem (SMS) confirmando a sua ligação a uma empresa de serviços e informando que esta cobrará uma determinada quantia diária se o dono do telemóvel não anular a sua ligação no site da empresa. O site, contudo, não é mais do que o meio utilizado para roubar dados pessoais ao utilizador (através de malware).
- Spear-phishing: consiste em enviar um e-mail que parece ser de um colega, chefe ou amigo e que consegue levar o receptor a divulgar dados pessoais e ainda pode permitir o controlo de todo o sistema informático da organização visada.
- Vishing: a técnica de VoIP (Voice over Internet Protocol) utiliza o telefone para roubar informações pessoais. É enviado um e-mail que aparenta ser proveniente de uma instituição legítima e que convida o receptor a telefonar para um determinado número. Quando as vítimas telefonam (pensando que irão falar com alguém da instituição que enviou o e-mail) são atendidas por um atendedor automático que solicita dados pessoais para efeitos de “verificação de segurança”. Há situações em que os interessados prescindem do envio de e-mail e telefonam directamente ás vítimas para recolher os seus dados pessoais.
Recomendações da Direcção-Geral do Consumidor:
- Nunca responda a um e-mail que lhe solicite PIN e passwords ou outros dados pessoais.
- Invista através da Internet só em fornecedores de serviços financeiros licenciados (pesquise, informe-se e desconfie antes de iniciar uma relação comercial/financeira com a entidade em causa).
- Desconfie de e-mails cujo tema é preocupante ou excitante (a escolha dos assuntos é feita de forma a chamar a atenção e levar as pessoas a reagir imediatamente, antes de se aperceberem da possível intenção fraudulenta).
- Não clique em links que vêm em mensagens de e-mail ou em chats se suspeitar que a mensagem não é autêntica ou se não conhecer o emissor.
Imagem: www.educba.com
Actualizado: 30 Abril, com informações e recomendações da Direcção-Geral do Consumidor.