Quando estamos online, sem o sabermos ou sem sequer o imaginarmos, fornecemos constantemente informação sobre nós próprios. Os dados colectados a nosso respeito podem ser, depois, aproveitados para fins diversos.
Sempre que, impulsivamente ou não, clicamos para consentir que se armazenem cookies no nosso dispositivo electrónico, admitimos, saibamo-lo ou não, que aquilo que fizermos online passará a ser facilmente aproveitado por muitas centenas de empresas que trabalham para tornar mais eficaz o apelo consumista.
Mas não é apenas necessário ter cuidado com os colectores de dados, cujo trabalho é, aliás, muito pouco escrutinado.
Frequentemente, oferecemos informação que não cuida de garantir a nossa privacidade, e a de outros. Miúdos e graúdos, digamos assim, usam, não raras vezes, as redes sociais para divulgar onde moram, o que fazem e quando, onde vão e em que ocasiões. Um passo mais e trocam palavras e imagens inapropriadas com quem não conhecem – que, de resto, pode não ser quem se julga. As notícias sobre os maus resultados da exposição da intimidade são permanentes. Demasiadas vezes, não se verifica a prudência que deveria ditar que a vida íntima deve permanecer íntima, invisível em ecrãs.
Mesmo que a “privacidade”, tal como a conhecíamos tenha deixado de existir, como recentemente afirmou a filósofa Shoshana Zuboff, é preciso agir como se a pudéssemos conservar, se não na íntegra, pelo menos nos seus contornos ainda, de algum modo, protegíveis.
Por razões de segurança, que deveriam ser óbvias, deve reflectir-se sobre aquilo que partilhamos, designadamente nas redes sociais. Há elementos pessoais que depressa podem ser usados mais ou menos perversamente. Há um à-vontade que nos pode causar danos, tantas vezes irreparáveis.

Imagem do topo: Detalhe de Le Trou de serrure (1869), de Pierre Edouard Frere.

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