Apesar de não ter tido uma vida longa, o Trívio foi uma experiência original no panorama do jornalismo escolar português, desde logo por ter mobilizado o trabalho de mais do que um estabelecimento de ensino ou do que um agrupamento de escolas, tendo sido o jornal de uma escola secundária e de dois agrupamentos de escolas lisboetas, a Escola Secundária de Camões, o Agrupamento de Escolas das Laranjeiras e o Agrupamento de Escolas de Santa Maria dos Olivais. As três coordenadoras dão aqui conta dessa aventura com nove episódios. Aguardemos uma nova temporada.

Lígia Arruda
Professora bibliotecária da Escola Secundária D. Pedro V, Lisboa
Lurdes Castanheira
Professora bibliotecária da Escola Secundária António Damásio, Lisboa
Teresa Saborida
Professora bibliotecária da Escola Secundária de Camões, Lisboa

O Trívio encerrou a sua publicação com o número 9 da sua existência. Foi a última edição e pela primeira vez com um suplemento. Percorremos um caminho atribulado muitas vezes com a sensação de estarmos a conduzir um carro sem rodas. Se foi possível? Claro que foi, embora tenha sido complicado garantir a chegada ao destino.
Iniciámos esta parceria, em 2015, que envolveu 11 escolas, e que perdurou até 2018, com a convicção que conseguiríamos unir “a realidade, as notícias e as iniciativas” das diferentes escolas, envolvendo-as “num processo de interação, de busca da efetivação do trabalho interdisciplinar e interescolar e da aplicação da informática”. Todos os 10 objetivos enumerados no editorial do primeiro número nos pareceram exequíveis, interessantes e motivadores à participação das várias comunidades educativas envolvidas. Estávamos cientes de que tudo tinha começado pela vontade de três professoras bibliotecárias que, no universo referido, eram uma gota de água. Porém, conhecemos a realidade das nossas escolas e julgámos que conseguiríamos nadar contra a maré e levar a bom porto o nosso barco.
No primeiro ano, o arranque fez-se com alguma dificuldade por vários motivos, desde a falta de colaboração para a redação de artigos, a falta de divulgação por parte de algumas estruturas da escola (enviávamos o link e não era replicado para os alunos e encarregados de educação), de colocação e de visibilidade do jornal no site das escolas, etc. Mas, no final, acabámos por verificar que tanto as visualizações como a partilha do link estavam a ser positivas. E começámos a ter o feedback de entidades exteriores a este Trívio, como jornalistas, como o Eduardo Jorge Madureira, e, especialmente, as estruturas da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE).
No ano seguinte, 2016/2017, os diretores dos agrupamentos e da escola colaboraram fazendo o editorial, o que muito nos aprouve e, apesar de persistirem alguns problemas (como o não cumprimento de prazos de entrega), a estatística comprovou que o número de visualizações e partilhas tinha aumentado.
No ano letivo 2017/2018, a RBE validou o nosso trabalho ao termos o primeiro editorial do ano escrito pela coordenadora da RBE, Manuela Silva. O segundo editorial foi escrito por Maria José Vitorino, nossa antiga coordenadora interconcelhia, membro efetivo do International Association of Scholl Librarianship (IASL) e dinamizadora de projetos de promoção de leitura como a Laredo Associação Cultural, e o terceiro editorial foi escrito por Teresa Calçada, comissária do Plano Nacional de Leitura. Outro aspeto positivo foi o desafio lançado pela Escola Superior de Comunicação de Lisboa que soube do Trívio e nos contactou para um projeto de literacia dos media com alunos (do qual resultou o suplemento do último número).
Contudo, o número de visualizações diminuiu drasticamente, as dificuldades persistiram e continuámos com o mesmo tipo de problemas. A verdade é que sempre chegámos ao fim do prazo com défice de textos para publicar, falta de reportagens, de crónicas ou de trabalhos, como se nada tivesse acontecido em três meses de vida escolar. Por outro lado, temos muitas tarefas diárias e anuais de gestão e dinamização das bibliotecas, nas nossas respetivas escolas, com o cumprimento de planos de atividades, planos de melhoria, formação, etc., que nos tomam muito tempo.
Enfim! Temos orgulho do trabalho realizado, temos consciência de que foi uma prática inovadora, temos consciência que poderia ter sido melhor e poderíamos ter feito mais – mas também estamos cientes que devíamos parar.
Foi interessante enquanto durou. D. Quixote lutou contra moinhos de vento pensando que eram gigantes. Porém, nós sabemos que eram só moinhos de vento…

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