Os Repórteres sem Fronteiras denunciaram hoje “o assassinato” de diversos jornais em vários pontos do globo, pelo menos 22 nos últimos cinco anos. A morte mais recente é a do Apple Daily, liquidado no dia 23 de Junho após uma forte perseguição económica empreendida pelas autoridades de Hong Kong e da China.
Os assassinatos dos jornais consumam-se com recurso a métodos variados, mais ou menos sofisticados, que os Repórteres Sem Fronteiras referem: asfixia económica, assédio judicial ou censura. Estes procedimentos ditaram também o recente encerramento, por exemplo, do jornal online Vtime, da Rússia, e dos diários Akhbar Al-Ayoum, de Marrocos, e 7 Day News e Eleven, da Birmânia.
Contornando as diferentes formas de repressão, alguns jornais têm conseguido sobreviver na Internet. É o caso do diário venezuelano El Nacional, cuja publicação impressa cessou em Outubro de 2018, por pressão do regime.
Os Repórteres Sem Fronteiras referem que a maioria dos países e territórios que silenciam a imprensa independente ocupam alguns dos piores lugares no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2021. Na lista de 180 países, Hong Kong está em 80.º lugar, à frente de Zâmbia (115.º), Nicarágua (121.º), Marrocos (136.º), Birmânia (140.º), Camboja (144.º), Venezuela (148.º), Rússia (150.º), Turquia (153.º), Egito (166.º), Azerbaijão (167.º), Tajiquistão (162.º) e China (177.º). Entre os países que liquidam jornais, apenas o Burkina Faso e o Níger, classificados respectivamente em 37.º e 59.º, não estão nos piores lugares da lista.
O secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire, afirmou que, “além do assassinato e das violações de direitos de jornalistas, o assassinato metódico dos próprios jornais tornou-se uma prática frequente”.