Apresentada anualmente no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinala a 3 de Maio, o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, uma iniciativa dos Repórteres Sem Fronteiras que avalia as condições do jornalismo em 180 países e territórios, indica que Portugal é o 9.º melhor país para os jornalistas (7.º no ano anterior), que “podem conduzir suas reportagens sem restrições, embora alguns possam enfrentar ameaças de grupos extremistas”.
A saída de Jair Bolsonaro do poder fez com o que o Brasil (92.º) subisse 18 posições. Quanto a outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a avaliação dá conta do melhor e do pior: Timor-Leste, está em 10.º lugar; Cabo Verde, em 33.º; Guiné-Bissau, em 78.º; Moçambique, em 102.º e Angola, em 125.º.
O levantamento global “indica que a situação é ‘muito grave’ em 31 países, ‘difícil’ em 42 e ‘problemática’ em 55, sendo ‘boa’ ou ‘relativamente boa’ em 52 países”. Ou seja: em cada dez países, as condições para o exercício do jornalismo são más em sete e satisfatórias em três.
A Noruega mantém o primeiro lugar na classificação pelo sétimo ano consecutivo e, pela primeira vez, a segunda posição escapa aos países nórdicos, apresentando-se a Irlanda à frente da Dinamarca. O pior país para se ser jornalista é a Coreia do Norte. A seguir é a China e o Vietname.
A edição de 2023 do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa destaca “os efeitos fulminantes da indústria de conteúdos falsos no ecossistema digital sobre a liberdade de imprensa”. Os Repórteres Sem Fronteiras assinalam que, em 118 países, ou seja, em dois terços dos países avaliados, “a maioria dos que responderam ao questionário relata o envolvimento de actores políticos em seu país em campanhas massivas de desinformação ou propaganda, de maneira regular ou sistemática”. A organização não-governamental observa que “a diferença entre verdadeiro e falso, real e artificial, factos e artefactos é ténue, pondo em risco o direito à informação”. Hoje, há “capacidades de manipulação sem precedentes” que são usadas “para enfraquecer aqueles que personificam o jornalismo de qualidade, ao mesmo tempo em que enfraquecem o próprio jornalismo”.
Os Repórteres Sem Fronteiras constatam ainda que “o espectacular desenvolvimento da Inteligência Artificial generativa abalou o já enfraquecido universo dos media”. Se “a indústria da desinformação dissemina produções manipuladoras em larga escala”, a Inteligência Artificial “digere os conteúdos para regurgitar sínteses que ignoram o rigor e a confiabilidade”. Uma acusação especial visa a quinta versão da Midjourney, uma Inteligência Artificial que gera imagens de altíssima definição, que “está a alimentar as redes sociais com falsificações cada vez mais plausíveis e indetectáveis”.
O Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa dedica uma atenção particular à guerra da Rússia contra a Ucrânia. A Rússia (que se encontra em 164.º lugar, descendo nove lugares) promoveu “em tempo recorde um novo arsenal de media dedicado à difusão do discurso do Kremlin nos territórios ocupados do sul da Ucrânia”, fez abater “uma forte repressão” sobre “os últimos meios de comunicação russos independentes, banidos, bloqueados e/ou declarados ‘agentes estrangeiros’”. Os Repórteres Sem Fronteiras referem que “os crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia (que ocupa o 79.º lugar) contribuem para que o país tenha uma das piores pontuações no indicador de segurança”.

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