Com 50 números publicados, desde Dezembro de 2002, O Mar da Palha, da Escola Secundária Emídio Navarro, Almada, pode considerar-se como o título de uma façanha extraordinária. Quem conhece os jornais e as revistas escolares sabe o quão difícil é garantir a longevidade de uma publicação de um estabelecimento de ensino ou de um agrupamento de escolas. Ter mantido o Mar da Palha desde há 17 anos – e com uma qualidade constante – é excepcional. O principal obreiro deste êxito tem sido Luís C. Maia. O coordenador do Mar da Palha conta aqui o que tem sido este empreendimento.

Luís C. Maia
Coordenador do Mar da Palha

É em Dezembro de 2002, nas últimas semanas de aulas daquele primeiro período, que o Mar da Palha é publicado. Primeiro número? Sim e não. É-o, efectivamente, de uma nova série, não na história dos jornais escolares da Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada.
Para lá de algumas esparsas publicações ainda durante o Estado Novo, há um jornal escolar que surge nesta escola em meados da década de oitenta do século passado, chamado Mar da Palha. O nome vai tomá-lo a uma vasta bacia no estuário do Tejo que confina nas suas margens Lisboa, Sacavém, Alverca, Alcochete, Montijo, Barreiro, Seixal e, claro, a cidade de Almada. São editados cinco números com regular inconstância e o projecto adormece. Só na década seguinte se retoma, timidamente, a tenção de uma publicação em âmbito escolar, ainda mais impermanente pois apenas se conheceram mais dois números.
E assim se chega ao século XXI e ao primeiro número do Mar da Palha que o não foi, antes o oitavo. Desde então, e nestes últimos dezassete anos, com mais ou menos tropeções, tem-se conseguido manter uma periodicidade de publicação que possibilitou alcançar o número cinquenta em Maio de 2019. Desde o princípio que se pretendeu a criação de um espaço público que desse voz aos interesses e preocupações da comunidade escolar, sendo, ao mesmo tempo, um lugar de divulgação de muito do que se ia realizando na escola, tentando abarcar os mais diversos projectos e actividades nascidos em âmbito escolar e que muitas vezes extravasaram o meio em que nasceram.
Outra preocupação sempre norteou o Mar da Palha, a de possibilitar aos alunos uma âncora crítica e cívica que lhes permita trazer para a comunidade escolar a discussão de temas pertinentes que proporcionem uma percepção das necessidades e interesses de quem a compõe.
Premiado diversas vezes no saudoso Concurso Nacional de Jornais Escolares, do jornal Público, eleito o melhor jornal pela Assembleia da República, no que respeita a reportagem sobre o Parlamento dos Jovens, o Mar da Palha, continua a fundar a sua presença no quotidiano escolar, na vontade daqueles a quem, antes de tudo, se dirige, os alunos. É deles a significativa maioria dos trabalhos publicados, é com eles que se pretende continuar caminhando.
De um estabelecimento de ensino passou-se a um agrupamento de escolas, sete escolas, com alunos dos três aos dezoito anos, e um pouco mais. Nestes últimos anos, o desafio mudou, não que se tenha tornado maior, mas sim diferente. É com muita confiança que recebemos e publicamos os trabalhos de todos os nossos novos colaboradores, sabendo também das novas exigências que tal nos traz, confiando, também, que são eles que nos vão permitir, espera-se, ir um pouco além dos cinquenta números que comemorámos.

Desde o número 1, têm sido muitos, variados e relevantes os temas que têm merecido tratamento e destaque no Mar da Palha.

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