O diário francês Libération tem uma especificidade no panorama jornalístico. Periodicamente, quando em França se concretizam determinadas iniciativas, convida os grupos que as protagonizam a tomarem conta das páginas do jornal. Hoje, foi publicado “O Libé dos geógrafos”, a pretexto da realização do Festival Internacional de Geografia, nos dias 4, 5 e 6 de Outubro, em Saint-Dié-des-Vosges. Grande parte dos textos desta edição são assinados por duas dezenas e meia de geógrafos, transformados em jornalistas por um dia.
Subordinado, este ano, ao tema “Migrações”, o Festival Internacional de Geografia, segundo os organizadores, o município de Saint-Dié-des-Vosges e a Associação para o Desenvolvimento do Festival Internacional de Geografia, pretende que a Geografia se apresente como uma ferramenta científica para estabelecer uma relação com as questões colocadas por todas as ciências humanas, a economia e a ecologia e para observar a evolução dos saberes, das expressões culturais e da geopolítica.
A particularidade do Festival Internacional de Geografia, que os organizadores garantem ser também significativa para o seu sucesso, reside na capacidade de satisfazer um público vasto (a iniciativa recebe anualmente 50 mil pessoas), de natureza particularmente eclética. Desde 1990, o festival tem o condão de reunir nos mesmos lugares especialistas vindos dos quatro cantos do mundo e simples curiosos, com interesse nas temáticas propostas. O Festival Internacional de Geografia é “a alegoria de uma geografia generosa: todos os conhecimentos são explicados, todos os assuntos são discutidos”.
A Geografia não é o único tema do “Libé dos geógrafos”. Dois exemplos: Antoine Le Blanc, presidente do Comité Nacional de Geografia e professor, escreve, num texto intitulado “‘Fala-se por exemplo do mal-estar dos professores. É inexacto: a situação parece-me bem pior’”, do sofrimento generalizado do corpo docente, esgotado pela acumulação de reformas e pelas injunções contraditórias do Ministério da Educação e a geógrafa Claire Lévy-Vroelant, da Universidade Paris-VIII Saint-Denis, recenseia o mais recente livro de Patrick Modiano, Nobel da Literatura.
O Libération, ao longo do ano, empresta a generalidade das suas páginas a desenhadores, escritores, fotógrafos e historiadores.

Por ocasião da 22.ª edição do festival Les Rendez-vous de l’histoire, que se realiza em Blois, França, entre 9 e 13 de Outubro, o Libération apresenta hoje o Libé dos historiadores e das historiadoras (“Libé des historien.ne.s”).

[Actualização 10.10.2019]

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