As crianças que olham para ecrãs de manhã, antes de irem para a escola, e que raramente ou nunca conversam com os pais sobre o que neles observaram multiplicam por seis o risco de desenvolver perturbações primárias de linguagem. Esta é a principal conclusão do estudo “L’exposition aux écrans chez les jeunes enfants est-elle à l’origine de l’apparition de troubles primaires du langage ? Une étude cas-témoins en Ille-et-Vilaine”, divulgado no Bulletin épidémiologique hebdomadaire de 14 de Janeiro.
Realizado por Manon Collet, Bertrand Gagnière, Chloé Rousseau, Anthony Chapron, Laure Fiquet e Chystèle Certain, da Universidade de Rennes, a investigação envolveu 167 crianças com perturbações primárias da linguagem e 109 sem qualquer problema de linguagem, tendo os questionários sido preenchidos pelos pais, recrutados em 16 consultórios de médicos generalistas e 27 consultórios de terapeutas da fala. O objectivo era avaliar a relação entre a exposição das crianças aos ecrãs, da televisão, do computador, da consola de jogos, do tablet ou do smartphone e as perturbações primárias da linguagem (as perturbações da linguagem podem ser primárias ou secundárias, conforme decorram ou não de problemas neuro-sensoriais que não afectam directamente os órgãos da fonação).
O estudo apurou que as crianças expostas a ecrãs de manhã, antes de irem para a escola, tinham três vezes mais riscos de desenvolver problemas primários de linguagem e que esses riscos se multiplicaram por seis quando as crianças não falaram com ninguém sobre o que viram.
A Organização Mundial de Saúde recomendou, em Abril do ano passado, num conjunto de directrizes para um crescimento saudável, que as crianças com menos de dois anos não estejam expostas a ecrãs e que as crianças que tenham entre dois e cinco anos não permaneçam perante eles mais de uma hora por dia.
O desenho de Mirjana Farkas, aqui reproduzido, ilustra o texto “Trop de temps devant les écrans : que risquent les jeunes enfants ?”, publicado na revista Pomme d’Api, de leitura também instrutiva.